A Polícia Federal no Maranhão, com apoio da Superintendência dos Correios
no Maranhão, deflagrou, na manhã desta quinta-feira, dia 13 de dezembro de
2018, nas cidades de São Luís/MA, Itapecuru/MA, Imperatriz/MA, Redenção/PA,
Bacabal/MA, Santa Inês/MA e Santa Luzia/MA, a Operação HERMES E O GADO II, com
a finalidade de reprimir, dentre outros, crimes de subtração de valores do
Banco Postal cometidos por Funcionários dos Correios.
As investigações identificaram uma série de
irregularidades ocorridas em várias unidades dos Correios no Estado. Dentre as
unidades investigadas estão as dos Municípios de Pio XII, São Luís Gonzaga,
Matões do Norte, Urbano Santos, São Benedito do Rio Preto, Monção e Miranda do
Norte.
Foi identificado, notadamente no município de Pio
XII/MA, o envolvimento de pessoas ligadas a uma organização criminosa – ORCRIM
que se intitula Bonde dos 40. Os desfalques à agência dos Correios da cidade
foram utilizados como forma de capitalizar a organização criminosa.
O “modus operandi” estabelecido pela quadrilha é o
seguinte: o gerente da agência dos Correios tem acesso tanto ao cofre do Banco
Postal quanto ao sistema dos Correios interligado ao Banco do Brasil. Aproveitando-se
desse poder de gerência, ele subtrai ou facilita a subtração de numerário do
cofre do Banco Postal, deixando em caixa apenas quantidade suficiente para
manutenção das atividades regulares da agência, informando, artificialmente, no
sistema bancário que o cofre está “cheio”, como se o dinheiro subtraído ainda
ali estivesse.
Como a subtração de dinheiro do cofre não é
registrada no sistema do Banco Postal, torna-se necessária a criação de uma
justificativa para a sua falta. Para isso, a ORCRIM simula assaltos – alguns
foram filmados pelas câmeras de CFTV das agências – o que permite afirmar que o
dinheiro foi todo levado naquele crime, ou seja, além de subtrair o dinheiro
que restava no caixa, com o falso assalto a ORCRIM abona o valor que fora antes
subtraído, vez que, contabilmente, para os Correios e para os órgãos
responsáveis pela apuração, todo o dinheiro que deveria estar no cofre
(inclusive os valores oriundos de depósitos fictícios) acaba contabilizado como
roubado.
Para aumentar o proveito da atividade criminosa,
foram simulados depósitos no Banco Postal, cujos valores logo depois eram
sacados e divididos entre os membros da ORCRIM, muitos dos quais são ligados
tráfico de entorpecentes. Assim, entraram em cena os “laranjas” possuidores de
contas no Banco do Brasil, que repassavam aqueles depósitos à ORCRIM, dando uma
aparência legal ao dinheiro que alimentava o tráfico de drogas.
Praticavam, ainda, a subtração de aparelhos
celulares de valor elevado, os quais eram distribuídos aos membros da ORCRIM,
aparelhos estes que acabavam sendo utilizados para a realização de tráfico de
entorpecentes.
Outra vertente utilizada pela quadrilha foi a ativação de cartões de bolsa
família e de benefícios previdenciários. O gerente possuía acesso aos sistemas
corporativos, habilitava os cartões de benefício, até para pessoas mortas, o
que possibilitava a obtenção de empréstimos bancários com os documentos
“esquentados”.
O modus operandi da ORCRIM pode ser representado
pelo gráfico a seguir:
A previsão do total de valores subtraídos nos sete municípios chega a quase um
milhão de reais, podendo aumentar até o final das investigações.
A Polícia Federal cumpriu 04 Mandados de Prisão Preventiva, 01 Mandado de
Prisão Temporária e 11 Mandados de Busca e Apreensão, além do afastamento de 08
Empregados Públicos Federais (CORREIOS) em conjunto
com outras medidas cautelares diversa de prisão. Há ainda um foragida sendo
procurado pela polícia. As ordens judiciais emanaram tanto da Justiça Federal
de Bacabal quanto de São Luís.
A Superintendência dos Correios promoveu hoje, conjuntamente com a Polícia
Federal, a fiscalização das agências dos Correios em Pedreiras, Conceição do
Lago Açu e Lago da Pedra.
Participaram do desencadeamento mais de 60
(sessenta) Policiais Federais dos estados do MA, PA, PI e CE; 02 (duas) equipes
do Batalhão de Choque da Polícia Militar com a utilização de cães farejadores
para a busca de drogas, que acabaram sendo encontradas em poder dos
investigados, além de 6 mil reais apreendidos na residência de um deles. O
trabalho ainda contou com o apoio da logística do Fórum da Justiça Estadual em
Santa Inês.
A Operação foi denominada HERMES E O GADO II em alusão ao conto mitológico de
mesmo nome, que traz como tema a utilização de subterfúgios com a finalidade de
encobrir os crimes cometidos pelo mensageiro de Zeus.